Novas economias e suas oportunidades

08/08/2023 | Por: XporY.com Permutas Multilaterais

Apesar de sua intimidade com os números, a Economia não é uma disciplina das Ciências Exatas, mas sim da área de Humanas, e como tal, tem como base de estudos a complexidades e peculiaridades das relações humanas, frente aos vários fenômenos sociais, necessidades dos indivíduos e dentro dos vários contextos históricos e culturais. Assim, as teorias e conceitos econômicos evoluem ou surgem em função das variadas e históricas dinâmicas sociais. A escassez de recursos naturais, a sustentabilidade, nível de conscientização dos indivíduos, novas tecnologias, combate às desigualdades e a revisão do próprio modelo capitalista estão entre as bases propulsoras de novos conceitos de economia, ou novas economias, algumas nem tão novas assim.

 

Embora ajustes nas definições dessas novas ideias econômicas possam ser alvo de debate entre os teóricos mais especializados, já há um delineamento bem claro de cinco modelos que estão bem em voga nos dias de hoje, são eles: a Economia Colaborativa, Economia Circular, Compartilhada, Criativa e Solidária.

 

Mas se esses conceitos ainda parecem vagos, tentarei sintetizá-los nesse breve espaço.

Primeiro iniciemos com dois deles, ou melhor, comecemos distinguindo dois modelos que frequentemente são apontados como sendo a mesma coisa, mas na verdade são diferentes: Economia Colaborativa e Economia Compartilhada. Mas antes, vale salientar que esses dois modelos não são mais uma mera tendência e já se consolidaram como forma eficaz de negociação e devem movimentar cerca de US$ 335 bilhões no mundo todo até o ano 2025, segundo estudo da consultoria PwC.

Mas voltemos à distinção entre esses dois termos.  A Economia Colaborativa nada mais é do que a colaboração, a cooperação e  também o uso compartilhado de bens e serviços. É possível ser produtivo e gerar valor com aquilo que se tem, compartilhando para atender as necessidades de outras pessoas de forma a gerar ganhos mútuos. Isso pode ser feito na forma de aluguel, empréstimo ou permuta, uma  prática antiga mas que ganhou nova roupagem e dinamismo com as plataformas digitais. Uma curiosidade: o termo de Economia Colaborativa foi idealizado em 2008 pelo professor Lawrence Lessig, da Universidade Harvard, para descrever um modelo de negócio que tem como foco partilhar bens e serviços em vez de adquiri-los, dentro de uma perspectiva de uso racional dos mesmos.

Já a Economia Compartilhada nasce na esteira da conexão em grande escala gerada pela internet, em que as pessoas dispõem umas para outras, em plataformas digitais, bens que já possuem como um carro ou um imóvel, com o intuito de incrementar a renda. Os aplicativos Uber e AirBnB são os exemplos mais conhecidos desse modelo de negócio. A Economia Compartilhada, em essência, substitui a aquisição de algo pelo uso coletivo desse bem. Assim como na Economia Colaborativa, esse modelo também traz uma perspectiva de uso racional de recursos.

 

Com um forte apelo sobre o uso racional dos recursos naturais, a Economia Circular surge num contexto global de busca por soluções que equacionem desafios ambientais e de sustentabilidade como as mudanças climáticas, perda de biodiversidade, redução da geração de resíduos, consumo de recursos finitos e poluição. Como seu nome sugere, esse modelo tem como foco a circulação ao máximo de produtos e materiais, a redução máxima da geração de resíduos e a transformação de itens e elementos em novos produtos.

A Economia Criativa designa um modelo de negócio que como o próprio nome sugere tem a criatividade como fator central para definir o valor de seu produto. Ela pode resultar em bens ou serviços intangíveis ou tangíveis e, em geral, busca agregar-se a uma ideia, a uma proposta de cultura, estética ou mesmo a uma causa social. É o caso, por exemplo, da marca Greenten que produz camisetas com estampas bem diferentes e a cada item vendido se reverte doação para crianças carentes. Grande parte das atividades da Economia Criativa vem da cultura, moda, design, música e artesanato, setores nos quais o valor do que é produzido está fundamentado na propriedade intelectual e em aspectos criativos.

A sustentabilidade, o avanço da conscientização das pessoas, o combate às desigualdades e a revisão do próprio atual modelo capitalista estão na base, segundo muitos especialistas, da Economia Solidária, um conceito ainda em construção, mas que se faz necessário ante a necessidade de se promover relações mais justas entre os indivíduos e entre pessoas e empresas. Tal modelo de negócio vem se apresentando, nos últimos anos, como alternativa para a geração de trabalho e renda e, ao mesmo tempo, uma resposta para a inclusão social. A Economia Solidária compreende a uma diversidade de práticas econômicas e sociais organizadas sob a forma de cooperativas, associações, clubes de troca, empresas autogestionárias, redes de cooperação, entre outras, que realizam atividades de produção de bens, prestação de serviços, finanças solidárias, trocas, comércio justo e consumo solidário.

Mas independente de suas diferentes definições, essas novas economias se encontram num ponto essencial que é o seu surgimento numa época de grande disruptividade, de necessidade de criação de novos modelos de negócios e adaptação quase que diária frente à inovação tecnológica. Os indivíduos mudam, as sociedades mudam e o mundo, consequentemente, também muda, o que devemos nos atentar é que isso está ocorrendo de forma cada vez mais rápida. A transformação deixa de ser uma curta fase transição entre longos períodos de estabilidade, para se tornar quase que um estado permanente, exigindo cada vez mais de nossa mais poderosa habilidade humana: a adaptação.

*Rafael Barbosa é empresário, especialista em inovação, em empreendedorismo e em economia compartilhada e sócio-fundador da plataforma de permutas XporY.com.

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