No mercado financeiro desde 2004, o conceito ESG (Environmental, Social and Governance), se refere às boas práticas empresariais que se preocupam com critérios ambientais, sociais e parâmetros de excelência em governança corporativa.
O conceito ESG é formado por três pilares que abrangem diversas ações. A letra “E” do termo refere-se à palavra inglesa “environmental”, que significa ambiental em Português e está relacionada a todas as ações para proteger o meio ambiente. A letra “S” corresponde à palavra social, que compreende a relação da empresa com as pessoas que fazem parte do seu universo, visando o bem-estar coletivo. Por último, a letra “G”, de “governance”, em inglês, significa governança e está relacionada às práticas de gestão empresarial responsável e ética, acima de tudo, visando sempre o bem comum.
A sigla substitui a palavra sustentabilidade no universo corporativo e já se faz presente em diversas ações e pode ser vista desde ações de grandes corporações como de médias e pequenas, além de ser um conceito que pode ser adotado como prática em outras áreas da vida em sociedade. No Brasil temos uma propagação maior desse conceito entre as grandes empresas, mas as pequenas e até os autônomos podem fazer a diferença e contribuir com relações comerciais justas e ambientalmente e socialmente benéficas.
Tenho participado de rodas de conversa a respeito, como especialista e incentivador dos modelos de economia compartilhada e colaborativa, e percebo muitas dúvidas das pessoas sobre como adotar essas práticas nas negociações do dia a dia. Penso que de diversas formas isso pode acontecer, quando praticamos uma gestão correta de resíduos, uma gestão responsável de recursos humanos e naturais e ainda mais quando nos preocupamos com o social e com a promoção do desenvolvimento igualitário da sociedade. Por isso, gerar oportunidade para que todos possam ter acesso a bens e serviços de necessidade é, sim, uma ação que se relaciona diretamente à ESG.
Diante da diminuição do poder de compra das famílias e da capacidade de investimento das empresas, quando facilitamos o acesso à alimentação, à saúde, à educação, ao vestuário, ao lazer, dentre outros, estamos contribuindo com o social e, muitas vezes, com a diminuição da capacidade ociosa de empresas e prestadores de serviço. É aí que entram também as permutas multilaterais, como ferramenta para promover o desenvolvimento de negócios, gerar empregos e facilitar o acesso a esses serviços tão necessários. Pois, se alguém não tem dinheiro em espécie, mas tem um serviço ou um produto a oferecer em troca e, assim, consegue satisfazer sua necessidade, essa é uma importante contribuição social.
Por meio da permuta também é possível negociar um bem e oferecê-lo a quem precisa ainda em sua validade, evitando o desperdício e geração de resíduos. Pois muitas vezes, uma parte da produção pode ficar sem comprador. Além disso, por meio das permutas, promove-se o desapego e circulação de mercadorias antes paradas. E, por fim, elas auxiliam em uma gestão sustentável, gerando uma nova fonte de recursos para que um empreendedor possa investir e reinvestir em seu negócio.
Essa forma de fazer negócios traz equilíbrio para o estoque e permite acessar bens e serviços sem ser necessário mexer no fluxo de caixa. Isso pode ajudar qualquer empresário que esteja com mercadorias sem perspectivas de negociação e fazer a engrenagem voltar a funcionar, diminuindo gastos e impacto ambiental, melhorando a gerência e garantindo empregos e o bem-estar de todo o setor em que a empresa está inserida. Traduzindo, é o ESG em prática.
Daqui para frente, a tendência é que as plataformas multilaterais se expandam em todos os nichos empresariais. Muitos irão ver a importância do uso do formato para fortalecer sua imagem perante as boas práticas cada vez mais exigidas pela sociedade.
Rafael Barbosa, empresário, especialista em inovação, em empreendedorismo e em economia compartilhada e sócio-fundador da plataforma de permutas XporY.com